Estamos apaixonados pelo documentário sobre o Nelson Freire, feito pelo João Moreira Salles
Lendo alguns comentários e entrevistas, encontrei estes trechos, que achei legal compartilhar
"Carol Ferreira - Nelson Freire é um documentário sobre um tímido e o caráter reservado do pianista é preservado ao longo de todo o filme. Como essa característica de Freire interferiu no resultado final do documentário?
JMS - Acho que não conseguiria fazer diferente. Qualquer câmera invasiva, qualquer desejo de contar e de revelar tudo, poria em risco o filme. Nelson diria não. Além disso, acho que um documentário investigativo trairia minha idéia central, que (pelo menos para mim) é a do elogio do recato e da privacidade. Acho esses valores importantes. Gosto da idéia de tentar defendê-los - sem militância, suavemente - mas defendê-los assim mesmo. O documentário tem a personalidade do Nelson. Foi ele que nos deu essa delicadeza, essa falta de brutalidade. (fonte)
Encontrei este comentário, feito pelo José Miguel Wisnik, na Ilustrada, anos atrás.
Deixo guardados aqui uns trechinhos:
", para quem vê o documentário, essa afirmação se revela ao mesmo tempo inepta. Porque, por obra e graça seja de um temperamento visceralmente reservado, seja daquela misteriosa discrição profunda que acompanha tantas vezes a universalidade mineira, seja de uma comovente adesão à música em si mesma, despida de exterioridade, Nelson Freire se coloca fora dessa mensuração."
", Nelson Freire obteve trânsito mundial, reputação crítica seleta, adeptos e devotos em muitas partes, sem alcançar no entanto a evidência que poderíamos considerar-lhe devida. Num exemplo flagrante de sua ambígua presença ausente, o crítico John Ardoin, que o apresenta na consagradora coleção de CDs "Great Pianists of the 20th Century", começa dizendo que "Nelson Freire é talvez um dos segredos mais bem guardados do mundo do piano". Na sequência, faz uma afirmação que coincide com a minha impressão: "No entanto ele pode igualar qualquer façanha técnica de não importa que pianista que eu conheça, (...) habitualmente com justeza, beleza de som, desenvoltura e musicalidade maiores."
Um comentário:
"(...)é a do elogio do recato e da privacidade. Acho esses valores importantes. Gosto da idéia de tentar defendê-los - sem militância, suavemente - mas defendê-los assim mesmo".
Vcs já tinham me deixado na vontade de assistir ao documentário. Agora, então...
Bjos
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