28.1.08

A opinião de um analista sobre mim

Por coincidência, tive e tenho amigas que são ou foram analisadas pelo Dr. Lourival Coimbra, psicanalista do grupo de Melaine Klein.
As conhecidas e amigas me contaram que falaram de mim a ele. E imagino como Dr. Lourival deve estar farto de ouvir meu nome. Há dias uma das analisadas por ele esteve aqui em casa e resolvi, como compensação ao desgaste dos ouvidos do analista sobre mim, enviar-lhe um livro meu de contos, Laços de família.
Na dedicatória pedi desculpas pela minha letra que não está boa desde que minha mão direita sofreu o incêndio.
Dias depois a moça apareceu em casa para tomar um café comigo e perguntei-lhe se havia entregue o livro a Dr. Lourival. Ela disse que sim e que, ao ler a dedicatória, ele fizera um comentário. Fiquei curiosa, quis saber o que ele dissera. E fiquei sabendo que, ao ler a dedicatória, Dr Lourival tinha dito: "Clarice dá tanto aos outros, e no entanto pede licença para existir"
Sim, Dr. Lourival. Peço humildemente para existir, imploro humildemente uma alegria, uma ação de graça, peço que me permitam viver menos sofrimento, peço para não ser experimentada pelas experiências ásperas, peço a homens e mulheres que me considerem um ser humano digno de algum amor e de algum respeito. Peço a benção da vida.

Clarice Lispector

8.1.08

Paris, Texas

Incrível a densidade deste filme. Da atuação aos personagens, é uma trama que desliza por um cenário árido e colorido, num embalo muito próprio. Quase dá pra pegar.

O filme trata de uma outra solidao, a meu ver. Não é da solidão de Travis que se trata. Para mim fica marcada a solidão de cada um. A solidão de todos. O silêncio com que muitas vezes são marcadas as relações... os intervalos.
E o filme vai além. Não há uma novidade dos tempos apresentada ali.
Gosto da idéia de algo recortado, ao mesmo tempo cadenciado. Os diálogos são imperdíveis e a cada piscar de olhos, a sensação é estar diante de belas imagens, recortadas. Fotografias?

Impressionante como aquele sujeito dá conta da loucura dele. Agora sim me refiro a Travis, o personagem central - se é que é possível/ preciso encontrar ali um centro. Entrelaçadas, as pessoas parecem desorientadas.
Mas tem algo que o retorno de Travis marca na vida de cada um: é preciso se posicionar. Diante do desejo, diante daquilo que é possível e do impossivel tambem, não?

Incrível como este pai mantém uma distânica exata do filho, que dá um show no filme.
Um show sobre o amor e sobre o desejo. Ele sabe o que quer, mas precisa de um conector e, aparentemente, é este mesmo andarilho solitário que virá abalar as estruturas. Ou colocá-las em seu devido lugar.


4.1.08

Ser pensante

Do blog do Caio Blat,

Manual Prático do Ódio

Nesta semana foram mais de 10 horas de atrasos acumulados nos aeroportos do país por mim. Seguindo o sábio conselho da minha ministra do turismo sexual, eu relaxei no chão das salas de embarque e me dediquei a preparação do meu próximo personagem no cinema, um garoto que mora no Capão, perifa de São Paulo. Além de estar decorando todas as letras dos Racionais MC’s , consegui ler o segundo livro do Ferrez, intitulado Manual Prático do Ódio.

Coerente com a realidade dos jovens nas periferias do país afora, quase todos os personagens morrem no final. A expectativa de vida é baixíssima, e o crime e’ o caminho mais curto, porem mais loKo ! Uma moto, um tênis, uma bala perdida. A vida vale muito pouco, a policia vale quase nada.

São 50 mil vitimas de violência por ano, o segundo país mais mortal para os jovens.

Por favor, Leiam este livro do Ferrez, e o primeiro também, que se chama Capão Pecado.

E pelo amor de Deus, escutem Racionais !