4.1.11

Toadinha de ano novo
(trechos)

"E foi-se o ano
...

De qualquer modo, resta-nos o tomara-que-seja; resta o que a gente deseja, como diz o amigo Guima. E a esperança é uma mulher tão à mão, que é até ingratidão a gente não dar-lhe em cima.

Por isso, amigos, que este ano recém-nato, ao contrário do transacto, lhes chegue de fraldas limpas; e vocês tenham um milhão de coisas boas e possam ver suas pessoas num espelho mais bonito.

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Pois a verdade é que tudo se renova: bossa velha fica nova, o que eu acho muito bem. Só não renova quem já está com o pé na cova, quem não cria e não desova, quem não gosta de ninguém.

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Que nasçam poemas, nasçam canções, nasçam filhos; e se terminem os exílios e se exerça mais perdão. E brotem flores das dragonas militares e não mais se assutem os lares com esses tiros de canhão. Que todos se unam, se protejam, apertem os cintos; se reúnam nos recintos com esperança brasileira. E que se dê de comer a quem não come, porque o povo passa fome : e a fome é má conselheira...

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E finalmente que eu, pequeno mas decente, siga sempre para a frente com meu amor ao meu lado . E ela me dê, no mais proximo presente, o presente de um futuro sem as dores do passado."

Vinícius de Moraes
1º de janeiro de 1965

amo a atualidade dos que amo

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