Saramago
Saramago, como Brecht, veio "para o convívio dos homens no tempo da revolta" e se revoltou "ao lado deles". Empregou, nesse ofício, muito mais que indignação. Seu pessimismo, também a la Brecht ("aquele que ainda ri é porque não recebeu a terrível notícia" ou "uma testa sem rugas é sinal de indiferença" lembram bem o Saramago de "o otimista, ou é estúpido, ou insensível ou milionário"), se fazia acompanhar de uma, digamos, esperança de resistência, de uma voz que, embora pregando no deserto, encontra ecos. Militante do verbo que se faz vida, como disse Ana, combatia a morte da alma com seu exemplo.
2 comentários:
Seria possível ou cabível dizer-lhe agora "que descanse em paz"?
Talvez, apenas, o "fique em paz", pois que se não existe alma, resta inútil desejar-lhe qualquer coisa; se, porém, a ela é dado subsistir de algum modo, a de Saramago não descansará enquanto a injustiça for regra e a solidariedade, exceção.
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