31.10.09

se o que se transmite com a juventude
tem a ver com o saber
que possamos cada vez
a cada vez
escutar pronunciar-se a invenção
em cada jovem que há

por que há

em nós

27.10.09

alguém já se pergunotu porque gosto da mafalda? porque tenho o analista que tenho, porque gosto das pessoas que gosto? porque quero mudar o mundo? interessa a quem saber que eu penso um monte de coisas que fazem sentido e faço um monte que não fazem e poucas vezes digo o que penso e faço o que faço. que quero dizer? que muitas vezes direi que é preciso que nos relacionemos, nem que seja para construir teorias para mudar o mundo. Nem que isso nos custe o que custar - saberemos parar. Saberemos frear a emoção de chegar perto. Uma outra vez. Saberemos que a coisa que mais interessa é a que tenho comigo. Não transmito, porque pode ser contagioso. Não corro risco. Não vou correr pra decifrar minhas nuas letras que se envolvem em meu discurso. Não não não raios não dizem da chuva - tão fecunda a coitada. Tempestade em copo d'água há de ser isso

25.10.09

"A lucidez perigosa

Estou sentindo uma clareza tão grande
que me anula como pessoa atual e comum:
é uma lucidez vazia, como explicar?
Assim como um cálculo matemático perfeito
do qual, no entanto, não se precise.

Estou por assim dizer
vendo claramente o vazio.
E nem entendo aquilo que entendo:
pois estou infinitamente maior que eu mesma,
e não me alcanço.

Além do que:
que faço dessa lucidez?
Sei também que esta minha lucidez
pode-se tornar o inferno humano
– já me aconteceu antes.

Pois sei que
– em termos de nossa diária
e permanente acomodação
resignada à irrealidade –
essa clareza de realidade
é um risco.

Apagai, pois, minha flama, Deus,
porque ela não me serve para viver os dias.
Ajudai-me a de novo consistir
dos modos possíveis.
Eu consisto,
eu consisto,
amém"

Clarice Lispector
"... há sem dúvidas quem ame o infinito, há sem dúvidas quem deseje o possível , há sem dúvidas quem não queira nada. Há 3 tipos de idealistas, e eu , nenhum deles. Porque amo infinitamente o finito, porque desejo impossivelmente o possível, pq quero tudo , ou um pouco mais , se puder ser, ou até se não puder ser ... "

Fernando Pessoa

24.10.09

engraçado
a gente sabe quando uma viagem muda a gente desde a partida
desde a decisão
desde a atração

deixo aqui o registro de um texto de Luis Nachbin, que admiro por várias razões
hoje to encantada com a coragem doce dele


'Conexão Nova Iorque – São Francisco

Durante muito tempo eu quis cruzar os Estados Unidos por terra, de ponta a ponta. Tive chances durante os três anos que morei em São Francisco – de 1991 a 1994. Mas, na hora “h”, eu nunca podia: tinha que estudar para uma prova do mestrado, tinha que terminar a edição de um vídeo, tinha obrigações de todo tipo – em geral aumentadas pela minha cabeça.

Amigos foram, mas eu não.

Aí, quase dez anos depois, em 2003, aqui no Rio, a ideia reapareceu. Eu passava por uma fase muito esquisita. Começava o namoro com Ludmila, a minha mulher, mas tinha impulsos para terminar a relação. Queria viajar, queria produzir, mas todos os projetos que eu concebia ficavam no papel. Achava todos fracos. Minha autoexigência não me deixava andar para a frente.

As esquisitices culminaram com o término do namoro com Ludmila, em setembro de 2003.

Fiquei zonzo.

Pensei em um projeto – que tenho até hoje – de gravar em Bangladesh. “Época das monções, está chovendo muito por lá”, raciocinei. E desisti. Percorri todos os meus rascunhos, aqui no computador, e encontrei “o projeto ideal”: um road movie pelos Estados Unidos. Ia começar o outono por lá, as folhas mudam de cor, a luz é ótima para fotografia e até a paisagem combinaria com o meu estado de espírito.

Além do mais, e o mais importante: era um sonho antigo.

Voei para Nova Iorque, aluguei um carro e iniciei o meu road movie pelo Marco Zero – onde ficavam as torres gêmeas do 11 de Setembro. No início, me sentia eufórico. Um amigo e eu nos revezávamos ao volante numa média de 500 quilômetros por dia. Quero dizer, era dia sim, dia não. Um dia na estrada direto, no outro gravando em alguma cidade escolhida, e assim por diante.

O road movie ficou forte, na minha opinião. É autêntico, é contundente, tem uma montagem interessantíssima – criação do meu amigo Alexandre Rocha. Faltou, apenas, encontrar o final do filme.

Ah: falta exibi-lo.

Enquanto percorre a diversidade de paisagens de um país tão vasto, o documentário discute a guerra ao terror. O governo de Bush filho, ainda no primeiro mandato, recebe os mais variados adjetivos das pessoas que entrevisto. Perto do litoral, é criticado com veemência; já nos rincões, o tom beira a adoração. O que mais me atrai no enredo deste filme é a argumentação para sustentar cada ponto de vista.

Mas a viagem de Nova Iorque a São Francisco não foi prazerosa. A euforia durou pouco. O tédio da estrada pareceu interminável. E eu também me suportava cada vez menos. Dei graças a Deus quando cheguei à costa oeste e reencontrei amigos queridos.

Hoje em dia está muito claro que aqueles milhares de quilômetros representaram o início de grandes transformações na minha vida. Eu era um emaranhado ambulante de dúvidas: não sabia o que fazer das viagens, que tipo de documentários queria produzir, onde eu gostaria de exibir, como queria me comunicar. Ao mesmo tempo, me via “com a faca e o queijo na mão”.

Não sabia sequer por que tinha terminado com Ludmila. Nem como reconquistá-la.

Voltei ao Brasil e intensifiquei as minhas sessões de análise. Me sentia pirado e sozinho.

Até que, em abril de 2004, recebi um telefonema do Futura. Nascia o Passagem. Foquei.

E, depois de várias tentativas frustradas, Ludmila e eu também encontramos uma onda harmônica nova. Foi realmente incrível. De repente, os problemas desapareceram. É que eu havia aprendido a lidar com eles. Amor de verdade, eu sempre soube que sentia por ela. A “ficha” caiu.

Os Estados Unidos acabaram rendendo oito episódios do Passagem, em 2005. E agora também temos o breve vídeo “A visão deles”, aqui no site.

A conexão Nova Iorque – São Francisco continua me atraindo. Da próxima vez, irei na companhia de Ludmila e Cecília.

Provavelmente de avião.'

19.10.09

"felicidade se acha é em horinhas de descuido"
guimarães rosa

16.10.09

"Basta Um Dia

Pra mim
Basta um dia
Não mais que um dia
Um meio dia
Me dá
Só um dia
E eu faço desatar
A minha fantasia
Só um
Belo dia
Pois se jura, se esconjura
Se ama e se tortura
Se tritura, se atura e se cura
A dor
Na orgia
Da luz do dia
É só
O que eu pedia
Um dia pra aplacar
Minha agonia
Toda a sangria
Todo o veneno
De um pequeno dia

Só um
Santo dia
Pois se beija, se maltrata
Se como e se mata
Se arremata, se acata e se trata
A dor
Na orgia
Da luz do dia
É só
O que eu pedia, viu
Um dia pra aplacar
Minha agonia
Toda a sangria
Todo o veneno
De um pequeno dia"

chico
porque andava perdendo o costume
"Mas há milhões desses seres
Que se disfarçam tão bem
Que ninguém pergunta
De onde essa gente vem"
chico

quem nunca andou pela cidade com esta musica de fundo?

15.10.09

momento mulherzinha

pois bem
estava eu a catar costureiras nesta belo horizonte e a última referencia que tive foi de uma moça em santa tereza - terra natal
agora distante um pouco mais
matutei um bocadinho até que
claro!
amigas!

e depois de fazer uma novelinha por e-mail, contando pra todas sobre os efeitos do contato
ainda recebo um e-mail de uma das queridas dizendo
adorei o momento mulherzinha

e só faltou dizer
seguimos com a programação normal
ahahahahah
dorei!

13.10.09

"outubro, novembro
espero dezembroooo...!"

transmissor


10.10.09

favoritos de hoje

lindo

rock por elas

contagiante! (dica da minha sobrinha de 11 anos! - eles são demais!)

9.10.09


convenhamos

quando encontrei no blog do ferdi (por sinal cada dia melhor), na barrinha lateral, uma referência atualizada do meu blog - que continha o titulo 'adoro grafite' - resolvi abrí-lo por aquele caminho
e qual foi a minha surpresa ao sentir-me tão fora a ponto de ficar indignada ao encontrar (acompanhando a afirmativa que dava nome ao post) um grafite de um moço que não sei quem é, que encontrei ao acaso.

que tipo de pessoa diz que adora grafite e usa este exemplo, logo de um grafite que a pega de supresa? - pensei
pra ser mais fiel a mim, pelejei pra me justificar.
daí me pus a explicar as 'sem razões' da tal arte urbana e buscar apreender dela o que me causa
mas o que me interessa além do Movimento é o movimento
consenti calmamente que o que me pega de fato é o inapreensível
isso que 'não cessa de não se inscrever'

daí pode ser anonimo, porque os sulcos na cidade não tem dono, insistentes rotas traçadas por caminhos fortuitos. entrecruzamentos de idéias. real, insistente, latente.

...
como alguém pode ignorar os gemeos?
não tem sentido ne-nhum

...
e o zezão que pinta e borda no tietê
alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5392234384907847570" />

...
e a arte em movimento do orion

adoro grafite

6.10.09

e a frasezinha do msn do meu primo-meio-sobrinho-afilhado, daqueles queridíssimos, de 16 anos:

"tão bom morrer de amor e continuar vivendo"


ahhhhhhhhhhhhh
=)
Estou cada vez mais encantada com Concha Buika. O modo como ela entoa canções me faz confusa e feliz. Um misto de raiz espanhola, portuguesa, africana, sons tribais, uma voz no limite entre o sensualidade e a guerrilha... de uma mulher sem anos...
Dá até para acreditar no que um blog diz que ela disse. Que escreve pra não odiar e canta pra não ficar louca.

Adoro.
e, sabe, ali me parece tb ter algo de bolero, que aliás, tenho descoberto cada vez mais o quanto eu gosto. Tá lá, na raiz. É encontro.
aceito indicações, inclusive. :)

Quem se animar conhecer mais sobre a cantora vá ver o site dela, que é o melhor que posso fazer, já que não estou conseguindo postar vídeos. : (