28.6.08


"Cult - Você ainda pretende fazer música por muito tempo?
Tom Zé - Olhe, querido, fazer música é, hoje em dia, uma coisa tão prazerosa. Teve um tempo em que era duro, era sofrido, porque eu fazia um tipo de música que os mercados recusavam. Tudo isso era muito dolorido. Durante meu ostracismo fiquei muito doente também. A falta de um colo materno por ter uma música que não era aceita em lugar nenhum. Agora, na hora em que estava no ostracismo nunca me queixei. Esse é o segredo que queria conversar com a juventude. Gostaria que você desse importância a isso. A queixa é muito gostosa. Lembra aquele filme Perfume de Mulher? A queixa é um perfume de mulher. É uma coisa embriagadora, você se enamora. O homem que se queixa está em cima de um pedestal que os outros não têm direito. É uma coisa formidável, dá um poder, dá asas. Você fica levitando. Resultado: não faz nada. sempre aceitei as regras do mercado. Até dizia assim: ' Prefiro essa lei da comunicação de massa que vigora aqui no Brasil doq eu a lei num país comunista onde quem escolhe os artistas é o governo". Caramba meu cumpadre! Ser compositor para o governo? Isso que é castigo na vida. Então digo isso aos moleques, desconfie da queixa. O queixoso é mais bem sucedido na sua psicologia louca do que os vitoriosos. A armadilha desgraçada dela é essa: nos torna autistas. É um tipo de autismo de quem tem QI avançado. [risos]

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