29.2.08

Da escrita

Tava precisando ler isto:
"Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. Depois enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota. Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar. Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer."

Graciliano Ramos
(em entrevista concedida em 1948)

21.2.08

Jordania

do trabalho de um amigo.

"Em 1967, os jornais e rádios anunciaram: “Israel declara guerra e promete invadir a Jordânia com dezenas de tanques e milhares de soldados”. Assustados, os habitantes de Jordânia, pequena cidade do Vale do Jequitinhonha, mobilizaram-se para preparar a defesa. O que teriam a ver com tudo isso?"

O filme é maravilhoso.
Ainda que o formato ou o enquadre receba o nome vídeo. Talvez porque vídeo diga muito pouco, ou quase nada, para mim.
Mas o que chama a minha atenção é que ainda que soubéssemos a história de Jordania (que é como o roteirista chama carinhosamente o processo todo), ainda assim A Hora do Primeiro Tiro surpreende.
Não se trata de apontar a verdade e talvez por isso merecesse ter o nome documentário questionado.
E talvez nem trate da memória, mas do que há de mais Real para cada um e, de repente, para uma cidade.

Taí. A hora do primeiro tiro.
Escutando este nome, tratem de ir.
O roteiro é do Lessa. Guilherme Lessa, melhor dizendo.

16.2.08

"
de manhã escureço
de dia tardo
de tarde anoiteço
de noite ardo
(...)"

Vinícius